domingo, 16 de fevereiro de 2014

Estive Sempre A Teu Lado - Parte V


Mais um dia na escola. Mais um dia de vida podre e perdida. Desta vez tive a paz de estar sozinho na cantina, se evitar a cantina à hora que saímos, posso evitá-los e assim almoçar em paz. Estou a ler um livro na cantina, fala sobre amor, é um pequeno romance entre uma mãe solteira e um rapaz livre. Provavelmente já devem ter dado conta que não tenho amigos, por isso os livros são importantes para mim. Esta história faz-me afastar da minha própria vida, fazendo-me viver entre linhas e paragrafos, onde histórias com finais felizes são uma constante. Infelizmente, temo que a minha própria vida poderá não ter um final feliz, é fácil perceber porque, vitima de rufias, sem amigos e invisivel para as raparigas… Claro que isso me afecta, grandes homens da literatura falam que não há nada mais belo do que amar e ser amado, e sinceramente gostava mesmo de experimentar essa sensação, beber dessa fonte cristalina e sentir-me assim, realizado e completo, mas não será para agora, enquanto tiver borbulhas na cara, usar óculos e o meu cabelo for de risca ao lado… O tipico das histórias é que dizem que as pessoas amam sem ver aparências, mas então porque ninguem me ama? Será que é por eu ser fraco, desastrado, perdido em pensamentos? Juntando isso à minha beleza incondicional então temos o ser humano mais desprezivel e desinteressante do mundo.
- És o Miguel Saraiva? – Perguntou-me um rapaz que era o oposto de mim, bem vestido, na moda, com um rosto de anjo, e cabelo penteado numa forma que fazia com que ele parecesse um actor
- Sim – Respondi, estonteado pelo abismo social que havia entre mim e ele
- Isto é para ti – Estendeu a mão, segurando um envelope rosa
E com isto virou costas e foi embora. Pela sua aparência suspeito que faça parte da associação de estudantes, mas porque uma carta para mim? Cor de rosa ainda para mais? Não entendo…
Abro a carta e leio-a

- Não acredito – Penso alto

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