“Olá Mariana. Eu queria que soubesses que tens alguém aqui que sorri quando tu sorris e chora quando tu choras. Tens alguém aqui que não se importa com a tua roupa, não se importa, não se importa se andas com a mais recente moda ou apenas de pijama, alguém que apenas gosta de ti pelo o que tu és, que pura e simplesmente… Te ama. Responde-me para este email: Escritorperdido@email.pt
Assinado: O teu admirador secreto”
Caso eu não tenha dito, o meu primo faz parte da associação
de estudantes, e tem acesso às cartas. Ele sabe que em casa só tenho envelopes
azuis, mas mesmo assim, acreditei que ele não fizesse nada de mau para mim, é
um dia especial, as pessoas só querem amar e ser amadas, ou pelo menos sentir
um pouco de afecto…
Passaram algumas horas, e nada aconteceu, seria uma vergonha
imensa se eles lessem a carta…
Parece que o meu desejo se realizou. Ninguém me bateu,
humilhou ou magoou hoje. Liguei agora o portatil (os meus pais não me proíbem
de usar este portátil, mesmo de castigo, porque sabem que posso jogar nele), e
vim verificar o meu email. Imagino-a a esta hora a ligar o portátil, com a
carta na mão, curiosa por saber quem eu sou, as pernas tremem-me, ansioso. Mas
nada, apesar de actualizar a página várias vezes, não recebo nada.
Nem sei porque tinha esperança. Ela não sabe quem eu sou,
mas sabe que fui cobarde em não ter dado a cara, apenas um email, que estúpido
que eu sou… Mas fico feliz por a carta ter chegado a ela, mesmo que ela não
responda… Assim sei que o meu primo não me roubou a carta. Mas apesar deste
medo, desta desilusão, eu sorrio, eu sorrio, porque sei que, mesmo que ela não
responda, rasgue, corte, queime ou faça o que quiser com a carta sabe que
existe, alguém, que lhe olha com um olhar protector e a quer proteger, mesmo
que não se consiga proteger a si mesmo.
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