Está frio. Esta escola não tem aquecedores então as aulas são frias, tal como as pessoas que as habitam. Os professores têm a obrigação de nos proteger, mas às vezes parece que evitam fazê-lo. Sarrabisco um papel, onde faço alguns desenhos, ao menos em algo posso por o meu amor…
- Professora, o Miguel está a desenhar – Disse o meu primo
Um olhar de raiva intimidante, era isso que eu queria que
saísse, quando o olhei nos olhos, mas como poderia eu fazê-lo? Olhei-o, ou
melhor, ele olhou-me o olhar de perdido, sorrindo na minha cara. Ajeitei os
óculos, arrumei a mochila e saí da sala, fui expulso da aula. Mas antes de sair
da sala, olhei para ela. Olhei para os seus caracóis dourados, os seus lábios
rosados e o seu corpo delgado, olhei para o rosto, onde maquilhagem parecia
torná-la num ser de beleza sobrehumana.
- Miguel, eu disse para sair da sala! – Gritou comigo,
fazendo-me deixar cair tudo o que tinha nas mãos, todos riram-se e apressei-me
a deixar a sala
As lágrimas voltam, mas homens não choram, um homem tem que
ser forte, tenho que ser forte para alguém depender de mim, preciso de me
tornar alguem que as pessoas possam confiar e precisar. O pensamento da casa de
banho vem-me à cabeça, e ao pensar o quão miseravel sou, as lágrimas
escorrem-me enquanto me dirijo para a casa de banho…
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