segunda-feira, 7 de julho de 2014

Resistência - Parte IV


Existem dias em que desejamos nunca ter acordado. Existem dias em que preferíamos ficar na cama, abraçados aos nossos sonhos cor-de-rosa enquanto ressonávamos num som confortável. Às vezes até desejamos voltar às dores do dia-a-dia em troca da mudança. Pois bem, acabei de me apaixonar completamente pelo meu trabalho no campo, porque onde eu estou agora não tem nada a ver com ele, nem nada que exista no nosso planeta.
- Ern Yube Tere Ainz - Ouvi uma voz muito grave, que me acordou
- Rubt Lan Irse - Replicou outra voz
As duas criaturas não eram como aquelas contra quem disparei, eram maiores, mais corpulentas e a sua pele parecia a de um sapo, parecia ter um aspecto liso e suave, chegando a ser viscoso, mas isto apenas ao olhar.
As duas criaturas continuaram a conversa. Eu estava preso, e dos meus dois lados tinha outras pessoas. Presumo que estivessem a avaliar as qualidades da nossa espécie. Um deles veio a mim e olhou-me com os seus olhos de reptil amarelos, manchados de laranja, desatou-me das algemas holográficas e prendeu-me por um cadeado holográfico ao pescoço, puxando-me. Passando alguns minutos de caminhada, conseguia ver uma porta aberta onde estava algo que me parecia uma camara de tortura. A criatura soltou um pequeno riso abafado de satisfação, algo que confirmou os meus medos. A besta tinha algo pontiagudo nas suas costas, com as minhas mãos livres peguei no objecto, e de mãos tremules, esfaqueie o guarda. Sangue roxo fervia da sua ferida, largando o meu cadeado. Mas o meu alivio foi breve. O monstro tirou o objecto do seu pescoço, agarrou no meu cadeado de novo. Puxou-o de forma a eu cair e pôs uma das suas enormes patas no meu peito, apertando-me, fazendo com que mal conseguisse respirar. Conseguia ver que tudo parecia feito de carne podre misturada com metal no sitio onde estava, num tom entre verde e vermelho escuro.
- Arn Isse Urn, Tena Ur Coma Si Ank Irib Pale! - Cuspiu o guarda para mim, senti um estalido horrível no meu peito, seguido de uma dor incontrolável
Foi o começo da minha insanidade. A criatura apertou um botão no colar do seu pescoço e de repente.
- Mais uma brincadeira dessas e eu juro que te estripo, osso a osso, insecto - A criatura conseguia falar Português…

A minha mente estava engolida em medo, dores e nervos, não conseguia pensar direito. E assim continuei o meu passeio romântico com um extraterrestre até a tal sala de tortura…

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